Quinta-feira, Março 28, 2024
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(Opinião) Para quê um oceano quando se pode ter um repuxo? – Celeuma da praia urbana

A notícia é da semana passada, mas o problema é secular. Lisboa vai ter mais uma praia urbana, desta feita ali para os lados de Belém. O que é uma praia urbana? – Pergunta o Leitor mais curioso. Então, é uma caixa de areia com repuxos, em ambiente urbano naturalmente. Mas que sentido é que isso faz numa cidade que está a dez minutos de praias maravilhosas? – interroga-se ainda o Leitor.

É indelicado fazer-se esta pergunta, pois consiste numa ofensa para o espírito empreendedor e criativo dos mais diversos animais políticos que, com a famigerada sorte lusitana, alcançam o poder. É evidente que uma praia urbana faz todo o sentido, mesmo quando está a dois passos de uma praia praiana.

Mas faz todo o sentido porquê? – Insiste o Leitor, que já está a roçar a má educação. É preciso explicar tudo? Faz todo o sentido porque é preciso rebentar 50 mil euros. – Mas 50 mil euros nem é muito, se é para isso deviam logo rebentar 100 mil – comenta então, já em tom do gozo, o Leitor. Mas está tudo pensado. Começa com 50 mil e depois derrapa para os 100 mil.

Numa praia urbana… a dez minutos de praias praianas.

Esta que será feita em Belém, diz quem sabe onde vai ficar, que aquilo está uma miséria portanto uma praia é melhor do que nada. Claro. Resta saber se a praia urbana não acabará como a miséria que lhe deu lugar. Depois pode fazer-se, sei lá, uma serra urbana. Monta-se um monte e as pessoas vão para a serra na cidade. No Inverno pode colocar-se neve artificial e temos alpes urbanos. Parece que já estou a imaginar a Suíça à rasca com as montanhas às moscas e tudo a fazer ski nos alpes em Belém.

Pensando bem, os alpes urbanos são uma ideia absolutamente extraordinária, sobretudo em Lisboa, que pode aproveitar as suas colinas para fazer pistas negras. Subimos nas cadeirinhas até à Graça, por exemplo, e depois descemos pela pista da Sé ou pela da Voz do Operário. Também podemos subir de tuk tuk, basta pôr correntes nas rodinhas.

E arranjar os jardins, não? Cuidar das plantas. Não deixar secar. Arranjar os passeios. Coisas simples. Lisboa precisa de coisas mais simples, mais básicas. Precisa de limpeza. Não precisa de praias, com a breca, que há sítios aos pontapés para uma pessoa se sentar ou espraiar ao sol. E se quiserem mesmo areia, então andam mais dez metros, que há areia daquela boa, quente, natural. com cheiro a mar.

Se querem mesmo refrescar-se com repuxos, rebentem as bocas de incêndio como fazem os putos no Bronx. Ou então vão até ao Parque das Nações. Aqui refrescamo-nos com a água salgada e genuína do Atlântico, depois sim, sentamo-nos a ler – de preferências blogues de qualidade – numa esplanada lisboeta. Às vezes vamos comer umas sardinhas a Alfama. Caixas de areia com água a esguichar água por buracos é que não, porra.

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