Sexta-feira, Março 29, 2024
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(Opinião) A falsa rivalidade entre clubes

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A rivalidade entre clubes de futebol é assim uma coisa parva e não é porque as pessoas se devem dar bem e porque a violência não é bonita. Não. A rivalidade entre clubes de futebol chega a ser uma coisa parva na sua génese. Vamos lá ver: Sem rivais, o nosso clube jogava com quem?

Se os adeptos e a equipa do clube adversário falecessem mesmo, como nós desejamos em cânticos, ganhávamos a quem? A verdade é que o clube rival não devia ser rival, mas sim clube amigo porque aceita vir levar uma cabazada a nossa casa ou pior: Permite que a gente vá a sua casa dar-lhe um banho de bola. Se isto é ser rival, o que é um amigo do peito?

Por mais que procure, não encontro explicação para o ódio em contexto desportivo. Países vizinhos odiarem-se ainda se percebe. Sendo certo é que não é preciso serem países para se odiarem, basta serem vizinhos. Por definição, os vizinhos têm de se odiar mesmo que finjam que não, oferecendo ervas aromáticas uns aos outros.

Mas voltando aos países: Uns querem o território ou as riquezas dos outros. Querem também que o seu país seja o maior, seja um império. É o culto da nacionalidade. Mas no futebol, por exemplo, não é disso que se trata. Ninguém quer “conquistar” o estádio ou o complexo desportivo do clube adversário. Nunca nenhum clube tomou de assalto o campo do outro e içou a sua bandeira. Pelo contrário, até lhe deitam fogo, mostrando desprezo pela infraestrutura.

É, portanto, ódio pelo ódio, sem explicação. Querem todos ganhar, é verdade, mas esquecem-se que precisam uns dos outros para tal desfecho. Não funciona um campeonato apenas com uma equipa. E do ponto de vista da competição não é particularmente espectacular jogar com 11 pessoas que iam a passar e a quem se paga uma senha de refeição por aceitarem desafiar-nos.

Assim, acalento a esperança de que a rivalidade entre os clubes seja uma falsa rivalidade, tal como muitas crises amorosas, no meio das quais uma das partes pede à outra para se ir embora, até que, percebendo que a outra vai mesmo, suplica para que fique.

Ou seja, imagino que quando a minha claque grita para a outra “vão-se embora, vão para casa”, se a outra começasse a abandonar o estádio, então nós havíamos de gritar “fiquem, por favor, vocês jogam muito”.

Entretanto, às vezes a rivalidade permite espectáculos incríveis, como este dos ultras do Wydad de Casablanca:

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