Sexta-feira, Março 29, 2024
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(Opinião) Caça ao homem ou peddy-paper?

captura-de-ecra-2016-10-20-as-18-06-44Nos últimos dias, Portugal tem assistido àquilo a que se chama “caça ao homem”, mas na verdade não se trata nem de caça nem de um homem. O nome certo devia ser “peddy-paper com o zombie”. Peddy-paper porque a polícia parece seguir pistas enigmáticas que os aldeões vão dando. E zombie porque o foragido deve parecer o padrinho do noivo no fim do copo de água. Deve estar ferido, sem roupa, cansado e sem conseguir encontrar a saída.

Pedro Dias, o agora zombie, matou duas pessoas e deixou outras duas feridas. Está sem documentação e as suas mais recentes aparições levam as autoridades a crer que ele anda por perto.

Em teoria, umas centenas de militares não deviam ter muita dificuldade em encontrar um zombie que só lhe falta ir dormir a casa. Mas ao cabo de nove dias, somos obrigados a concluir que não está a ser fácil e isso pode levar as mentes mais curiosas a tentar perceber o que se passa.

Claro que ninguém aqui percebe de captura de foragidos. Ou melhor, eu não percebo. E mesmo entre aqueles que dizem perceber, ouve-se de tudo. Há quem defenda, por exemplo, que não se devia ter revelado a imagem do suspeito, porque isso faz disparar o número de avistamentos falsos. É uma teoria tecnicamente do caneco, pois se não se divulgar a imagem do suspeito, provavelmente o número de avistamentos também baixa para cerca de zero.

Bom, mas mesmo sem perceber da poda, há perguntas que podemos fazer. Por exemplo, um meio aéreo não dava jeito? Tripulado ou não. Não havia uma série de drones para vigiar adeptos de futebol? E não há helicópteros? É a meteorologia que não permite? Então conseguimos salvar um casal de franceses no seu veleiro à deriva no meio do Atlântico e ainda trazemos a tábua de queijos, mas não conseguimos sobrevoar Carro Queimado? Não há nenhuma aeronave neste país que detecte a presença de calor num pinhal?

Aquilo que se vê é a polícia em jipes dos anos 90 a escorregar em calhaus cheios de musgo, à procura de um zombie que provavelmente tem umas botas melhores que as da polícia.

Isto de se ter investido tudo em submarinos tem um preço. Agora temos de ir com o Arpão ou com o Tridente para o meio do pinhal, atrás do Pedro Dias. É que parece não existir mais nada. Pronto, há um Nissan Patrol que queimou o relé do limpa-vidros.

Sobre os meios aéreos, é claro que não devemos ter. Nem os temos para o combate a incêndios, que é um fenómeno que ocorre todos os anos, quanto mais para combater o Pedro Dias, que é um fenómeno mais raro. E volto a perguntar pelos drones das polícias. Foram comprados apenas para os jogos entre o Sporting e o Benfica?

Por fim, outra questão. Agora é só um Pedro Dias. E quando for o Estado Islâmico, aquele que tem dito que quer aparecer por aí? Ou quando for qualquer outra entidade assim mais poderosa e com mais poder de fogo? Também vamos andar a fazer peddy-paper na mata? Vá, com os submarinos?

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